Hoje, dia 29 de Janeiro, Dia Nacional de
Visibilidade Trans, o Grupo de Diversidade Sexual Primavera nos Dentes vem à
publico demarcar a importância da luta trans*. Ser
trans* é quebrar o binarismo do ser masculino ou ser feminino, dissolver
fronteiras, abrir um leque de identidades de gênero e revelar que essas formas
de existir são muitas e possíveis na nossa sociedade. As questões em torno das identidades trans* têm
se tornado, cada dia mais, objeto de debate, estudo e formulação entre a
comunidade acadêmica e movimentos sociais contra as opressões. A transexualidade masculina, por exemplo, que se configura
como um tema invisibilizado e muitas vezes nem sequer mencionado, ganhou espaço
no ano de 2012, sendo criada neste mesmo ano a Associação Brasileira de Homens
Trans (ABHT).
Entretanto, essa crescente
inserção do tema na militância e na academia não tem sido suficiente para
garantir a essa população os direitos básicos, como o acesso à educação e à
saúde. Isso porque os corpos que desviam
da norma de sexo e gênero não possuem reconhecimento
enquanto sujeitos perante o Estado e instituições. As/os profissionais da saúde
não estão preparadas/os para atender adequadamente as pessoas trans*, porque
essas são tidas como “anormais”.
A noção de “anormalidade” e
“desvio” acaba por gerar o preconceito e a exclusão desses sujeitos. A não utilização do nome social nas salas de aula e
a privação de utilizar o banheiro que corresponde a seu gênero são exemplos dos
constrangimentos sofridos por pessoas trans* nas
escolas, isso sem contar os olhares discriminatórios, piadas e muitas
outras situações vexatórias vivenciadas cotidianamente.
Todos esses estigmas e a demarcação do
normal e do anormal são legitimados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, que trata
essas identidades como “disforia
de gênero” e “transtorno de identidade de gênero”. Isso porque os discursos
médicos são historicamente responsáveis pela criação de “verdades” científicas
que ordenam o mundo e justificam uma série de opressões.
Ao contrário do que o
discurso psiquiátrico impõe, sexo biológico, identidade de gênero e desejo
sexual são aspectos independentes e indissociáveis na vida de um sujeito. O
órgão genital não define a expressão do gênero e, da mesma forma, o gênero não
determina o desejo sexual. E é por acreditar nisso que lutamos pela
despatologização das identidades trans!
Para mais
informações sobre o termo Trans* veja a
explicação em http://transfeminismo.com/trans-umbrella-term/
Grupo de
diversidade sexual Primavera nos Dentes